Escola Inclusiva

A Multiculturalidade nas Escolas = Uma Escola Inclusiva

 

    A escola caracteriza-se actualmente como um espaço de encontro de culturas, podendo-se inferir que estamos diante de uma Escola Multicultural. Reflectir sobre esta temática tornou-se importante para mim, depois de constatar esta verdade com os meus próprios olhos, assim pretendo perceber e esclarecer algumas dimensões inerentes a este acontecimento nas escolas. No decorrer das visitas à Quinta Pedagógica dos Olivais, e com as observações de algumas das Actividades pude constatar que na sua maioria, os grupos de crianças eram compostos por representantes de vários países, com diferentes culturas, línguas, religiões e costumes. Num grupo de cerca de 23 crianças, por vezes identificava-se alunos oriundos de África (de diferentes países), de países da Europa de Leste, da Índia e de etnia cigana. Este fenómeno, reflexo da sociedade em que vivemos, exige às escolas novas estratégias, de forma a acolher estes alunos, que por vezes quando chegam às escolas só falam a língua do seu país de origem.  A diversidade de culturas, que se verifica a vários níveis, como a língua, a religião, as vivências, os valores, entre outros aspectos, deixa o ensino padronizado, concebido para um aluno-tipo sem sentido e ineficaz. Obrigando assim a comunidade educativa a rever as suas formas de actuação, sobre os princípios epistemológicos que lhes estão subjacentes. Surgindo assim a noção de escola inclusiva, onde se celebra a diversidade encarando-a como uma riqueza, em que as complementaridades das características de cada um são vistos como um factor que nos faz avançar.

    Contudo se queremos promover o sucesso escolar e conceber uma escola de todos e para todos é necessários respeitar a diversidade. Para tal, são necessárias estratégias que visam a integração destes alunos na comunidade escolar, possibilitando-lhes adquirir as aptidões necessários para fazerem parte da sociedade que os acolhe; contudo é importante incutir nestas crianças a relevância de reconhecerem as suas origens e saberem preservá-las.

    E aqui entra a preparação que os professores e educadores têm de ter para conseguir mediar esta adaptação de uma forma eficaz; inerentes às emigrações estão as dificuldades de integração, que se superam num ambiente de respeito pela diferença, por parte dos professores, colegas e toda a comunidade. Falando de diferença, é aqui que o papel do professor ou educador de destaca, pois esta é geradora de conflitos; e cabe aos mesmos mediarem estas situações. Conflitos estes que poderão surgir da incapacidade dos alunos em gerir entre: a cultura familiar, que leva frequentemente ao insucesso escolar e à exclusão; ou a adopção da cultura académica que cria barreiras no diálogo familiar. Esta gestão deverá ser alcançada pelo aluno com a ajuda do professor e dos colegas, alcançando um meio-termo, onde dentro da escola e da sociedade encontrará lugar para a sua diferença.

    Para concluir evidencio que na minha opinião a diferença deve ser encarada, pelos alunos, professores e toda a comunidade escolar, como um desafio; o de acolhe-la e respeitá-la, fazendo os alunos perceber que não existe culturas superiores ou melhores, apenas existem culturas diferentes. A diferença se bem trabalhada enriquece o percurso escolar, isto porque conhecer outras culturas, formas de estar e pensar, alarga os nosso horizontes e torna-nos mais capazes de compreender e aproximar do outro. Dito isto, acabo dizendo que apesar de reconhecidos os benefícios de uma escola inclusiva, ainda existe um longo caminho a percorrer nesse sentido, esperando-se que no futuro se verifique uma escola desejada para “todos porque todo somos especiais, todos temos características próprias que nos distinguem dos demais, percursos de vida que são só nossos, sentimentos que vivenciámos, sistemas de valores que construímos” (César, 2oo3, p. 121).

           

Referência Bibliográfica: César, M. (2003). A escola inclusiva enquanto espaço-tempo de diálogo de todos e para todos. In D. Rodrigues (Ed.), Perspectivas sobre a inclusão: Da educação à sociedade  (pp. 117-149). Porto: Porto Editora.